Em nossos dias, há uma tendência de pensar Igreja como um clube de serviço: paga-se mensalidade para desfrutar de um pacote de produtos e serviços. Logo, por ser um cliente, exige-se (naturalmente!) que as vontades sejam supridas. A música deve se aproximar do estilo e repertório preferenciais, o ambiente precisa atender ao padrão estético e o horário dos eventos deve conformar-se à agenda pessoal. Não bastassem tais exigências, a mensagem também precisa acomodar-se ao perfil: tom de voz adequado, conteúdo que gere agradabilidade, duração que não prejudique a agenda pós-culto, entre outras particularidades. Mas, o que transmite mais preocupação não é nem esse espírito consumista de nossos dias (embora este seja terrível!), e sim que muitos líderes sedem a tais exigências, comportando-se como – de fato – a diretoria desse “clube” que tem como foco a satisfação do público/sócio. Sabemos também que, contrário a essa perspectiva, temos o conceito bíblico de Igreja: o Corpo de Cristo, a comunhão dos santos com o propósito principal de glorificar a Deus e, como conseqüência disso, proclamar as virtudes daquele que chama das trevas para a luz maravilhosa (1 Pedro 2.9). Assim, preocupado com isso, gostaria de olhar para o texto de 1Tessalonicenses 2.1-12 e observar alguns aspectos fundamentais que devem fazer parte do perfil dos líderes da Igreja de Cristo, para que haja condição de conduzir a Igreja para a glória Dele.
1. Frutificação. Muitas vezes os líderes correm constantemente o risco de se agarrarem ao título e tê-lo como um fim em si mesmo, esquecendo-se que ele somente será autenticado através de seu labor, e de um labor para a glória de Deus.
2. Ânimo. Mesmo em meio às lutas, não desistirem, não desanimarem, mas confiarem no Senhor, que fortalece os seus servos a lutar. “Apesar de maltratados e ultrajados”, disse Paulo, “tivemos ousada confiança em nosso Deus” (v2), ou conforme a versão King James, “nosso Deus nos proporcionou uma disposição corajosa”.
3. Pureza. Em nossos dias há muitos impostores, estelionatários que conduzem o povo ao engano, bem como nos dias de Paulo. Logo, ele faz aqui sua defesa, dizendo que sua mensagem não é como a deles, baseada no erro, mas na verdade do evangelho; que sua motivação não é impura, com o intuito de tirar proveito; nem usa artifícios para enganar as pessoas (v3). Essa deve ser a postura da liderança, uma liderança aprovada, que tem consciência de que Deus os confiou a proclamação do Evangelho (v4).
4. Que tenham como alvo o agradar a Deus e não os homens (v4). Que não usem de linguagem de bajulação para executar seus intuitos gananciosos, roubando o coração do povo, buscando a glória dos homens, mas que busquem a glória de Deus (v5-6).
5. Que ame o povo do Senhor e cuide deles assim como uma mãe cuida de seus filhos, não sendo um fardo para eles. Doando-se a si mesmo pelo rebanho do Senhor, ao ponto de, se necessário, dar-lhes a própria vida (v7-9).
6. Viver de modo piedoso, tendo uma profunda intimidade com o Senhor; de forma justa, sendo um homem inteiro, íntegro não de dupla face, sem áreas escuras no seu caráter; e viver irrepreensivelmente, que não se tem o que dizer dele, na sua relação com os outros (v10).
7. Ser apto: para exortar, como um pai em relação a seu filho, que depois de corrigir-lo, abraça-o demonstrando seu amor por ele; consolar suprindo suas aflições, sendo instrumento de Deus através da sua palavra para animar o abatido; e admoestar os irmãos, confrontando-os, mesmo que se necessário isso gere lágrimas (v11-12).
8. Almejar o bem dos irmãos – exortando, consolando e admoestando-os – tendo como interesse ajudá-los a viverem de modo digno do Senhor (v12).
Temos muitas outras características dispostas ao longo das Escrituras, que devem fazer parte do perfil de um líder. Mas se estas forem encontradas nele, quão glorificado será o Senhor. Portanto, dobremos nossos joelhos pelos nossos líderes, suplicando ao Senhor que os sustente e que desperte a Igreja de Cristo.